sexta-feira, 1 de julho de 2011

Universidade Federal de Itajubá – UNIFEI



        MEMORIAL

                                                                  
TENDÊNCIAS CONTEMPORÂNEAS DE CURRÍCULO


ALUNO: ANTONIO MARCOS DE SOUZA

CURSO: MESTRADO PROFISSIONAL EM ENSINO DE CIÊNCIAS

PROFª. DRª. RITA STANO

AGRADECIMENTOS
À Deus por ter concedido a alegria e a graça de estar neste curso.
Aos colegas de sala: Paulo, Kleber, Ângela, Ana Carolina, Rafael, Patrícia e Janet.
À professora Rita que com muita sabedoria, dedicação e carinho ajudou-nos nesta caminhada até aqui.


A diferença entre o possível e o impossível é a vontade humana.
Introdução
         Este memorial traz a trajetória da disciplina “Tendências contemporâneas de currículo, ministrada pela Profª. Drª. Rita Stano, no curso de mestrado profissional em ensino de ciências. Vou tentar elencar os estudos, fatos e acontecimentos que nos acompanharam durante todo o primeiro semestre de 2011. Foram muitos estudos, debates e aulas maravilhosas, que nunca irei esquecer.

Desenvolvimento
         Nossa primeira aula ocorreu no dia 11 de março de 2011, em uma sexta-feira alegre e ensolarada. Disseram que a disciplina de currículos seria ministrada no prédio intitulado “Titanic”. Achei estranho o nome do prédio, mas segui para o mesmo e esperava ansioso a professora Rita, a qual ainda não conhecia. Às 13h30min em ponto estava chegando a profª. Rita para a sua primeira aula. Ela se apresentou, comentou o que iríamos estudar e logo após pediu para que cada se apresentasse aos colegas e assim ficou conhecendo um pouco de cada um e todos se conheceram. Começou a aula com uma poesia e todos participaram da reflexão e no final da aula começou a explicar sobre a sua disciplina, mas logo terminou o seu horário e ficamos na expectativa da segunda aula. Lembro-me do barulho que os construtores ao lado faziam naquele dia e a professora disse que não havia gostado do local da nossa sala de aula e muito menos do barulho.

         Na segunda aula já começamos a falar sobre currículo e a professora fez o seguinte esquema no quadro:
Currículo
·        Conteúdo
·        Organização      à     estrutura curricular  à seleção
·        Forma                                      
pré-requisitos

A profª. Rita comentou que o currículo está embasado sempre numa base ideológica.
         E assim foi nos orientando e passando seus ensinamentos sobre currículos dizendo que currículo é produção de sentidos, valores, sujeitos. E mais: currículo é toda a forma de organização. E no final da aula percebi que não sabia quase nada sobre currículo até então. Tinha uma outra visão, outro entendimento.
         Quase terminando a aula nos indicou o filme: A Origem.

Já na 3ª aula, tivemos uma aula expositiva e conhecemos as definições, entendimento de currículo nas diversas teorias. Foi uma aula muito interessante e rica em explicações da profª. Rita, apesar do barulho do lado de fora da sala.

         A partir das próximas aulas começaram as apresentações e debates sobre textos indicados pela professora e apresentados por nós alunos. O primeiro a se apresentar foi o Paulo e assim por diante.

Importante:
A professora Rita propôs para assistirmos aula na sua própria sala, afinal somos em oito alunos e sua sala é bem ampla. Fazendo uma analogia com a mudança de prédio e sala:
“No início não sabíamos quase nada sobre currículos (sobre a sua disciplina). Era como se estivéssemos no Titanic (navio), afundando, sem perspectivas de mudanças. E a mudança de sala eu vejo como um salto que demos em nossa visão sobre currículo, ou seja, após ter aprendido outros conceitos não poderíamos ficar no Titanic. Conseguimos enxergar o currículo de outra forma, mais contextualizado, com outras definições. É como se tivéssemos sido promovidos a assistir aula em um ambiente mais aconchegante, que é a sala da professora Rita. Sala bem organizada e com muitos livros para um melhor estudo e aprendizado.
         A partir daí todas as aulas foram na sala da professora Rita. Debatemos muitos assuntos e para uma avaliação dos nossos trabalhos (resumos, resenhas), foi proposto a criação de blogs. Todos deviam correr e criar o seu blog e começar a postar. A professora entrava toda semana para avaliar e colocar seus ricos comentários. Os blogs, que por sinal estão todos ótimos, são:

         Assistimos também ao filme: A Onda, a palestra da história única e fizemos textos relacionando o filme, a palestra e a matéria currículo.

Nas aulas seguintes ganhamos presentes da professora e as revistas Aman-ti-kyr. Todos ficaram muito contentes com a preocupação da professora para com os alunos do mestrado.
         Tivemos aulas-aniversário, nas quais aprendemos de forma alegre e descontraída.
         Vimos a definição de currículo-coleção. Complexidade e currículo.
         Aprendemos além do que foi colocado neste memorial e o que aqui se apresenta são apenas alguns pontos dos muitos que estudamos nesta disciplina. Por isso é impossível descrever todos eles mas, com certeza ficarão guardados em nossa memória para serem utilizados no momento oportuno e render frutos.

Considerações finais
         Foi com grande prazer que participei das aulas da professora Rita e tive a oportunidade de amadurecer os meus conhecimentos e interagi-los com os meus colegas de sala.
         As aulas foram muito produtivas e enriqueceram a minha forma de ver o mundo enquanto agente participante e transformador da prática educativa.
         Por fim agradeço a profª. Rita e digo que foi um grande  presente tê-la como professora e espero que este laço de amizade perdure, para que possamos trocar experiências além  das paredes da sala de aula. Obrigado.

                                                                  Antonio Marcos de Souza

sábado, 25 de junho de 2011

Resumo:

Conhecimentos escolares e a circularidade entre culturas

Maria de Lourdes Rangel Tura
Professora adjunta da Faculdade de Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).


                A teoria curricular tem problematizado as formas de transmissão, apropriação e legitimação dos conhecimentos escolares e são entendidos como vinculados a uma visão particular de mundo, fortemente impregnada de crenças, afetos, valores, ideais, expectativas e relações de poder.
            A autora insere, neste contexto, uma discussão na dinâmica da interação de diferentes padrões e lógicas culturais que se comunicam no interior do espaço escolar e, para tal, traz a valiosa contribuição dos estudos de Carlo Ginzburg no campo da história da cultura.

A cultura popular e a cultura erudita

            Carlo Ginzburg tendo se beneficiado da convivência em um ambiente de encontro entre diversas civilizações, calçou seus estudos históricos no caldeamento de influências, trocas e confrontos entre culturas que se comunicam e se comunicaram naqueles espaços. A literatura, as lendas, a narração de festas populares deram forma as bases para a compreensão da forma como se processa a interação entre culturas, o que na atualidade tem despertado bastante interesse nos estudiosos do assunto.
            As questões que moviam esse estudioso da história da cultura eram as relações entre a cultura das classes subalternas e a dominante. Descartava a possibilidade da existência de idéias ou crenças originais elaboradas pelos grupos dominados. Caberia indagar se a própria cultura popular existia ou se ela era apenas um simulacro de baixa extração da cultura dominante.
            Em dimensões históricas, há uma dificuldade especial de estudar a cultura popular que se instituiu basicamente pela tradição oral e por seus poucos produtos literários –almanaques, narrações de literatura de cordel, etc – os quais parecem ser o reflexo de um saber simplório ou simplificado imposto às classes populares.
            Em outro sentido, há quem entenda a cultura popular como original e autônoma, baseando-se na premissa da criatividade popular, que, no entanto, não deixa muitos vestígios porque é produzida pela tradição oral.

A escola como local de circularidade entre culturas

            Para analisar a questão da circularidade entre culturas no espaço escolar, o autor relata uma algumas situações que presenciou quando esteve observando o cotidiano de uma escola pública de ensino fundamental (RJ). Ele observou, nesta escola, um grande preconceito contra o aluno ou a aluna que morava na favela. Em decorrência deste e outros problemas, se construíam os mitos escolares do “aluno-problema” ou em “situação delicada”. Podia-se observar ali a efetividade de uma cultura própria somente daquela escola. Havia um costume sancionado e legitimado. Era uma escola barulhenta (segundo a supervisora), e esta disse que não aguentava mais tanto barulho. Mas o barulho que a supervisora não suportava mais ouvir identificava os estudantes da escola com uma série de riscos e ameaças de transgressão, com os comportamentos inadequados, com atitudes irreverentes e com gostos pouco favoráveis à disciplina do estudo, como indicaram Giroux e Simon (1994).
            O formalismo descrito e a rigidez das relações sociais não impediram que os sujeitos educativos encontrassem formas de expressar suas idéias, valores, crenças num complexo de situações, interdições, deslocamentos, adaptações que dava sentido à sociabilidade construída naquele local, caracterizado pela heterogeneidade cultural própria da amálgama de conteúdos oriundos do intercâmbio entre as diferentes tradições culturais e os novos símbolos trazidos principalmente pelos canais eletrônicos e de comunicação.
            Essas constatações tornam possível estabelecer um paralelo entre a cultura escolar e a cultura dominante, como estudou Ginzburg. A cultura docente, integrada às identidades plurais dos professores e professoras da escola, se pautava muito fortemente nos códigos da cultura escolar. Os estudantes deixavam relevar, por suas atitudes e modos de ser, uma visão de mundo própria das culturas populares.

As disciplinas escolares e a circularidade entre culturas

            A discussão sobre “o que deve ser ensinado nas escolas” envolveu diferentes abordagens da teoria curricular e encaminhou o entendimento do currículo como uma  construção social permeada pela lógica da organização e estratificação social e das relações de poder. A tradição que instituiu as grades curriculares e o forte valor simbólico conferidos aos conhecimentos escolares exigiu a criação de rígidos mecanismos de controle daquilo que envolve sua transmissão e assimilação, e estes se constituíram em múltiplas formas, tradicionais ou atualizadas de normatização dos currículos.
            No desenvolvimento do currículo escolar, se incorporam novos conhecimentos e reelaboram saberes em redes de significados que têm seus sentidos, lógicas e técnicas sendo construídas em lugares, por vezes, diferentes daqueles da cultura escolar. Ou seja, em torno das diferentes disciplinas ensinadas e aprendidas no colégio, novas regras são estabelecidas, comportamentos determinados, normas organizadas, valores aferidos e elementos de diferentes culturas postos em contato.
            Corazza (2001), ao analisar as subjetividades produzidas pelo currículo retoma essa discussão na perspectiva das teorias pós-críticas, que distinguem o currículo como uma linguagem dotada de significados, imagens, falas, posições discursivas e, nesse contexto, destaca que nas margens do discurso curricular se comunicam códigos distintos, histórias esquecidas, vozes silenciadas que, por vezes, se iniscuem com o estabelecido, regulamentado e autorizado. Por isso, é nas suas formas lingüísticas que o currículo se faz e, ao fazer-se, produz idéias, práticas coletivas, subjetividades e particularidades atinentes ao tempo e lugar onde se fala.
            Voltando à escola que foi lócus da investigação do autor, ele traz um acontecimento que ilustra bem a interação entre as culturas que comunicavam no seu interior.

Num conselho de classe, houve um momento em que a professora de Ciências das quintas séries relatou longamente sua inquietação a respeito das dificuldades de aprendizagem dos alunos e alunas. Para exemplificar o que dizia, procurou, entre as provas que tinha em cima da mesa, uma que estava separada das outras. Então, colocou seus óculos para ler e, satisfazendo as expectativas de quem a ouvia, fez a leitura da resposta que um aluno deu à prova bimestral. Ele escreveu: “o cuidado com a terra exige sinceridade”. As professoras fizeram um longo silêncio e se entreolharam. O que o aluno queria dizer com aquilo? Estranho! Como? Como apareceu aquilo ali? Melhor dizendo, por que o garoto redigiu sua resposta daquela forma? De onde veio essa “sinceridade”? De onde veio esse relacionar com a terra tão pessoalmente? Que idéia!
            Os mestres e mestras estavam perplexos. A professora de ciências afirmava que não poderia ter dito nada de parecido com aquilo em suas aulas. “Sinceridade” no trato com a terra não estava certo. Ou será que estava?
            A proposta curricular, a sequência de conteúdos, as etapas de aprendizagem, os métodos didáticos não dão indicações sobre como agir numa circunstância dessas. Corazza, destacando o currículo como uma linguagem, afirmou que ele fornece apenas uma das tantas maneiras de formular o mundo, de significá-lo. No entanto, muitas outras visões, sentidos, significados, práticas coletivas e sociais se imiscuem no que foi enunciado e se expressam para além do planejamento curricular como outro discurso, diferente do oficial. A “sinceridade” havia proposto par aquele grupo de professores e professoras uma indagação. Não era nada que ficaria perdido. A “sinceridade” era um sinal das influências recíprocas entre diferentes culturas, tempos históricos e espaços sociais estratificados; da existência de múltiplos significados que circulavam naquele ambiente escolar não homogêneo, mas híbrido e plural.

            O acontecimento acima descrito ilustra a convivência de diferentes lógicas e modelos culturais e as formas como elas interagem e se cruzam em uma intertextualidade que produz um discurso sincrético e especialmente rico em modulações.

Considerações finais

            Pensando no acontecimento que colocou em cena a professora de Ciências, o que se pode perceber é que se está diante de uma situação atual, que se desdobra da rede de significados e da multiplicidade de sentidos que envolvem os conhecimentos escolares ou que se está diante da constatação de que os conhecimentos escolares não são meros objetos manipuláveis e transmissíveis como uma realidade física ou algo externo àqueles que o possuem (Gimeno Sacristán, 1995).
            A noção de circularidade entre culturas permite, portanto, explicar situações como vimos uma neste texto e que falam de um cotidiano escolar por vezes intrigante ou pouco compreensível. Ginzburg alertou para a impossibilidade de se pensar a autonomia de qualquer cultura, assim como negou a passividade dos grupos subalternos.
            Enfim, com assento na cultura escolar e diante de um poder cada vez mais difuso e de identidades fragmentadas, a noção de circularidade entre culturas retoma a análise das estratégias de dominação e de resistência, o discurso da hegemonia e contra-hegemonia e propõe um sujeito educativo que é, ao mesmo tempo, criativo, híbrido, reativo e construtor de significados. Um sujeito que, diante da dominação, inventa o riso, faz a comédia, apela para o grotesco e, às vezes, produz a tragédia.

sexta-feira, 24 de junho de 2011

Currículo e a Complexidade

 
 
             Complexo vem do Latim complexus, que quer dizer “aquilo que é tecido em conjunto”.
            O currículo é uma importante ferramenta no que tange às transformações educacionais e se torna uma semente para podermos plantar uma reforma do pensamento.
Para Silva (2005), currículo é lugar, espaço, território. É texto, discurso e documento. Mas, um documento que revela determinada identidade. Currículo é o documento de identidade de cada escola, revelador da complexidade de seu percurso, de suas opções teóricas, de seus objetivos, de suas metas, princípios e metodologias trabalhadas. Revela também a visão de sujeito e de mundo compartilhada por determinada comunidade educacional, o conjunto de princípios que norteia suas ações.
            Macedo (2008, p. 27), por sua vez, entende o currículo como um complexo cultural tecido por relações ideologicamente organizadas e inventadas. Como prática potente de significação, o currículo é, sobretudo, uma prática que bifurca. Ou seja, as práticas curriculares não são previamente planejadas, e de acordo com o pensamento complexo (Morin, 1996), a realidade está sempre em movimento e existe uma multiplicidade de caminhos ou de rotas incentivadas por diversas possibilidades evolutivas.
            Com base no currículo bem planejado e pensado é que as escolhas são feitas, os caminhos são traçados para o ambiente escolar.
A complexidade indica que tudo se liga a tudo e, reciprocamente, numa rede relacional e interdependente. Nada está isolado, mas sempre em relação a algo. Ao mesmo tempo em que o indivíduo é autônomo, é dependente, numa circularidade que o singulariza e distingue simultaneamente. Como o termo latino indica: “Complexus – o que é tecido junto” (MORIN, 1997, p. 44).
Devemos aprender a trabalhar com as incertezas atuais e nos comprometer para desenvolver uma aprendizagem que realmente garanta uma educação de qualidade.
            Vamos criar estratégias e assim abrir (ou seguir) novos caminhos que nos levem a criação de um currículo mais aberto e democrático. O que acham?
CURRÍCULO COLEÇÃO


Para falar sobre o currículo escolar, devemos perguntar: O que é currículo? Muitos consideram currículo apenas a grade curricular, ou seja, a divisão em disciplinas e os conteúdos trabalhados por elas. Mas, currículo é muito mais do que isso, como vimos nas aulas da profª. Rita.  
Ribeiro (1989), propôs a seguinte definição de currículo: "Plano estruturado de ensino-aprendizagem, incluindo objetivos ou resultados de aprendizagem a alcançar, matérias ou conteúdos a ensinar, processos ou experiências de aprendizagem a promover". 
           
O currículo está permanentemente sendo construído.

Currículo-coleção é o conjunto de disciplinas ordenadas, a partir das mais teóricas para as práticas. Bernstein (1988).

Atualmente vemos que o currículo, na maioria das vezes, está sendo trabalhado em forma de coleção. Na há preocupação em criar um currículo que seja interligado com finalidades da educação e ligado com o mundo.

            Devemos unir nossas experiências do dia a dia e formar um currículo que seja totalmente voltado para o verdadeiro aprendizado do aluno. Precisamos que as políticas educacionais sejam repensadas e ajudem na formulação de um currículo mais interativo e mais dinâmico, consentindo que cada aluno perceba o conhecimento coletivo e construa o seu de maneira individual. Há também a importância da interdisciplinaridade. O conceito de interdisciplinaridade foi organizado propondo-se restabelecer um diálogo entre as diversas áreas dos conhecimentos científicos. A interdisciplinaridade pode ser compreendida como sendo a troca de reciprocidade entre as disciplinas ou ciências, ou melhor, áreas do conhecimento. (FEREIRA in FAZENDA, 1993, p. 21-22).
         Concluindo: o nosso currículo é o currículo coleção – seriado, fragmentado...

Finalizo com o seguinte trecho:

“O mais importante e bonito do mundo é isto;
que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram
terminadas, mas que elas vão sempre mudando.
Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou”.
João Guimarães Rosa, Grande Sertão: Veredas

terça-feira, 31 de maio de 2011

Leitura de imagens e sua relação com currículo


Primeiramente gostaria de começar dizendo que quando falamos em leitura, o que primeiro costuma vir à mente é a compreensão das palavras e o processo de alfabetização. No entanto, já nos alertava Paulo Freire que a leitura é bem mais que decodificar palavras: é ler o mundo. E neste mundo moderno, a leitura também envolve ler imagens. Aprender a ler imagens vem principalmente da necessidade de compreensão.
É comum dizer que as imagens possuem uma linguagem visual, sendo que sempre podemos questionar o quanto a imagem se apresenta em transparência para nós, isto é, a imagem se apresenta muitas vezes de uma forma mais clara e objetiva do que palavras. Então, em se tratando de leitura e interpretação de imagens, devemos sempre observar de vários ângulos imagens que nos são apresentadas.
Então, vamos à leitura de imagens. Na primeira podemos destacar: o currículo assim como este rio que segue seu curso apresenta várias manchas e pontos que tentam, mas não conseguem se juntar, cada disciplina está “engavetada” e não se articula com as outras de maneira interdisciplinar.
Werneck (1998:20), após uma profunda análise crítica, constata que a “interdisciplinaridade” é a grande mola para a preparação da era pós-industrial. Considera que a eliminação dos compartimentos estanques, limitadores da ação dos professores será o ponto de partida da ação pedagógica das escolas. De modo que não há como não dizer, por exemplo, que o professor de literatura não possa abordar um assunto político ou social ou que a ecologia não esteja ligada à geografia, à história, à sociologia, uma vez que constituem dimensões do ser humano em formação e mudança.
Ivani Fazenda (1996:14) escreve que “perceber-se interdisciplinar é o primeiro movimento em direção a um fazer interdisciplinar e a um pensar interdisciplinar”. Verifica que a palavra “interdisciplinaridade” é tida como palavra de ordem das propostas educacionais atuais, não só no Brasil como no mundo; entretanto, é utilizada apenas no discurso, sem que os professores saibam realmente o que fazer com ela, sentindo-se perplexos frente à possibilidade de sua implementação na educação, uma vez que estão acostumados a currículos organizados pelas disciplinas tradicionais, que conduzem o aluno a um acúmulo de informações que pouco ou nada valerão na sua vida profissional ou pessoal.
Conclui-se que o currículo deve proporcionar uma interdisciplinaridade entre disciplinas, entre conteúdos que estejam ligados à vida de cada aluno e não ser tratado de forma isolada, engavetada.

 
Na segunda figura vejo um dromedário atrás de uma grade (num zoológico). Ele foi tirado do seu habitat natural e colocado em um lugar totalmente diferente de sua realidade. Ele está atrás de uma grade, está trancado, está se sujeitando àquele lugar. E fazendo uma comparação com currículo, que na maioria das vezes já vem fechado (engessado) sem perspectivas de mudanças e é imposto e ficamos trancados, sem poder mudar nada, não há uma democratização do estudo de currículo de uma determinada escola. Um currículo deve ser aberto e flexível (Freitas, et al. 2001).  Não pode estar totalmente trancado (atrás das grades). O currículo é um instrumento de função socializador.
Ninguém gosta de ficar contido em grades. As prisões são signos de negação de um exercício humanizador.
Adverte Paulo Freire: “A libertação dos indivíduos só ganha (...) significação quando se alcança a transformação da sociedade”.
É sempre instigante observar que a despeito de tantas declarações de amor à liberdade e à educação, como um processo de libertação, proferidas por todas e todos nós, muitas vezes, reforçamos grades, executando tarefas e controles arbitrários que não só atropelam responsabilidades, silenciam desejos éticos dos sujeitos aprendentes e ensinantes, mas também, freiam circulações de saberes, atrofiando, com ordem impostas, vigilâncias e castigos, mundos possíveis que urgem por serem imaginados, desejados e experimentados, como formas de atalho para o investimento de sua construção necessária.
“Que lutemos por um currículo mais libertador e humanizador”.

domingo, 8 de maio de 2011

Resenha de artigo

Dados da obra/artigo
Autor:Ruth da Cunha Pereira
Título:Comunicações e Informações A questão do Currículo no Brasil e em Portugal: alguns comentários.
Ano de publicação:1996.
* O texto (artigo) é um trecho de trabalho apresentado como comentário no 1º Encontro Luso-Brasileiro de Educação Comparada, realizado na Universidade de Lisboa, Portugal.
1 - IDEIAS PRINCIPAIS/ARGUMENTOS FUNDAMENTAIS
- Comentários sobre a questão do Currículo no Brasil e em Portugal.
- Estudo sobre o sistema educacional.
- Reformas Educacionais expressas na legislação.
- Novos planos curriculares em Portugal.
- Apresentação do currículo nesse contexto.
- Posicionamento de todos os educadores: Parâmetros curriculares nacionais.
2 - IDEIAS SECUNDÁRIAS/ALGUNS DETALHAMENTOS
O texto (artigo) aponta sobre a oportunidade de comentários entre Brasil e Portugal sobre Educação Comparada e abaixo segue alguns detalhamentos e um breve histórico do mesmo.
Nós professores, quando entramos em sala de aula, devemos dinamizar o processo ensino-aprendizagem. Também temos nossa atuação marcada pela influência de uma série de processos anteriores, mas devemos redefinir, reelaborar nosso fazer pedagógico, visto que as transformações sociais, como diz Freire: não são um fato mecânico, mas histórico, na medida em que são um fato humano.
A reflexão sobre o sistema educacional, no Brasil e em Portugal, manifesta-se como de extrema importância para se repensar as questões relacionadas à temática currículo.
Em Portugal, observamos, também, que novos planos curriculares foram elaborados tendo como princípios orientadores os que foram definidos na Lei de Bases do Sistema Educativo, dentre os quais se pode ressaltar a necessidade de promoção do sucesso escolar e educativo.
O texto (artigo) ressalta que o insucesso escolar é uma contradição na escolaridade básica universal.
A escolaridade básica tem que colocar em primeiro plano a qualidade. Deverá ser feito uma a reforma curricular em relação à avaliação, com ênfase formativa, que avalie o aluno durante todo o processo de ensino-aprendizagem, atendendo assim à diversidade de ritmos e a particularidade de cada um.
3 - APRECIAÇÃO CRÍTICA (relevâncias, dúvidas, descobertas, aspectos interessantes, etc).
É um texto muito interessante e relevante porque foi o 1º encontro luso-brasileiro de educação comparada e trabalha sobre a questão do currículo no Brasil e Portugal.
Eu já conhecia as LDBs, seus objetivos e suas análises, mas como em toda leitura (estudo) nós aprendemos e descobrimos mais termos e significados importantes.
É interessante notar que, apesar de ser um texto de 1996, ele se encaixa perfeitamente nos dias atuais e seu estudo foi de grande importância para compreendermos mais sobre atos curriculares. Debatemos o mesmo em sala e a Profa. Dra. Rita nos ajudou com várias indagações e informações sobre o currículo dentro desse contexto.
Finalizo com o seguinte trecho:
Urge que repensemos o currículo como prática, fruto da responsabilidade de professores e alunos que sabem, trocam, criam e constroem quando trabalham juntos, uma vez que a educação é uma atividade prática que se efetiva mediante a interação humana. E que não esqueçamos que, são as pessoas (professores e alunos) as verdadeiras responsáveis pela qualidade.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Resenha

Documentos de Identidade – Uma introdução às teorias do Currículo.
Autor: Tomaz Tadeu da Silva
Editora: Autêntica – 2003 – Belo Horizonte.

            O texto trata de uma análise crítica do currículo por Michael Apple, considerando valores e pontos relevantes da crítica neo-marxista às teorias tradicionais do currículo e seu papel ideológico.
            A organização curricular recebe forte influência dos ideais dos grupos dominantes e suas relações de poder, ou seja, a educação é afetada pela organização da economia na sociedade capitalista. Para Apple, esta ligação é mediada pela ação humana, pois “o campo cultural não é um simples reflexo da economia: ele tem a sua própria dinâmica”.
            Apple preocupa-se tanto nos valores morais implícitos no currículo quanto ao conhecimento que fundamentam as disciplinas que o constituem.
            A escola não deve ser apenas distribuidora, mas sim produtora de conhecimento, que não deve ser apenas transmitido, como um agente de reprodução cultural e social, mas sim questionado, problematizado.