terça-feira, 31 de maio de 2011

Leitura de imagens e sua relação com currículo


Primeiramente gostaria de começar dizendo que quando falamos em leitura, o que primeiro costuma vir à mente é a compreensão das palavras e o processo de alfabetização. No entanto, já nos alertava Paulo Freire que a leitura é bem mais que decodificar palavras: é ler o mundo. E neste mundo moderno, a leitura também envolve ler imagens. Aprender a ler imagens vem principalmente da necessidade de compreensão.
É comum dizer que as imagens possuem uma linguagem visual, sendo que sempre podemos questionar o quanto a imagem se apresenta em transparência para nós, isto é, a imagem se apresenta muitas vezes de uma forma mais clara e objetiva do que palavras. Então, em se tratando de leitura e interpretação de imagens, devemos sempre observar de vários ângulos imagens que nos são apresentadas.
Então, vamos à leitura de imagens. Na primeira podemos destacar: o currículo assim como este rio que segue seu curso apresenta várias manchas e pontos que tentam, mas não conseguem se juntar, cada disciplina está “engavetada” e não se articula com as outras de maneira interdisciplinar.
Werneck (1998:20), após uma profunda análise crítica, constata que a “interdisciplinaridade” é a grande mola para a preparação da era pós-industrial. Considera que a eliminação dos compartimentos estanques, limitadores da ação dos professores será o ponto de partida da ação pedagógica das escolas. De modo que não há como não dizer, por exemplo, que o professor de literatura não possa abordar um assunto político ou social ou que a ecologia não esteja ligada à geografia, à história, à sociologia, uma vez que constituem dimensões do ser humano em formação e mudança.
Ivani Fazenda (1996:14) escreve que “perceber-se interdisciplinar é o primeiro movimento em direção a um fazer interdisciplinar e a um pensar interdisciplinar”. Verifica que a palavra “interdisciplinaridade” é tida como palavra de ordem das propostas educacionais atuais, não só no Brasil como no mundo; entretanto, é utilizada apenas no discurso, sem que os professores saibam realmente o que fazer com ela, sentindo-se perplexos frente à possibilidade de sua implementação na educação, uma vez que estão acostumados a currículos organizados pelas disciplinas tradicionais, que conduzem o aluno a um acúmulo de informações que pouco ou nada valerão na sua vida profissional ou pessoal.
Conclui-se que o currículo deve proporcionar uma interdisciplinaridade entre disciplinas, entre conteúdos que estejam ligados à vida de cada aluno e não ser tratado de forma isolada, engavetada.

 
Na segunda figura vejo um dromedário atrás de uma grade (num zoológico). Ele foi tirado do seu habitat natural e colocado em um lugar totalmente diferente de sua realidade. Ele está atrás de uma grade, está trancado, está se sujeitando àquele lugar. E fazendo uma comparação com currículo, que na maioria das vezes já vem fechado (engessado) sem perspectivas de mudanças e é imposto e ficamos trancados, sem poder mudar nada, não há uma democratização do estudo de currículo de uma determinada escola. Um currículo deve ser aberto e flexível (Freitas, et al. 2001).  Não pode estar totalmente trancado (atrás das grades). O currículo é um instrumento de função socializador.
Ninguém gosta de ficar contido em grades. As prisões são signos de negação de um exercício humanizador.
Adverte Paulo Freire: “A libertação dos indivíduos só ganha (...) significação quando se alcança a transformação da sociedade”.
É sempre instigante observar que a despeito de tantas declarações de amor à liberdade e à educação, como um processo de libertação, proferidas por todas e todos nós, muitas vezes, reforçamos grades, executando tarefas e controles arbitrários que não só atropelam responsabilidades, silenciam desejos éticos dos sujeitos aprendentes e ensinantes, mas também, freiam circulações de saberes, atrofiando, com ordem impostas, vigilâncias e castigos, mundos possíveis que urgem por serem imaginados, desejados e experimentados, como formas de atalho para o investimento de sua construção necessária.
“Que lutemos por um currículo mais libertador e humanizador”.

Um comentário:

  1. Marcos, elaborou muito bem sua mais que tradução das imagens! Você as reescreveu. Gostei muito...

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